Sempre conheci histórias de amor e não me refiro apenas às que encontramos nos livros. A minha profissão também me permitiu (e ainda permite) conhecer centenas de histórias de amor reais, onde há sempre um começo, um meio e um fim. Independentemente, da duração destas fases, todas as pessoas já as viveram, ainda as vivem ou querem ainda viver (há mesmo muitas pessoas a procurar viver algo diferente e compensador).
Mas, as relações ou a procura das mesmas estão do avesso! Ou seja, nem sempre se alimenta e nem se saboreia o princípio e o meio de uma relação, tendo um fim rápido e inevitável a curto prazo.
Hoje em dia, observo a facilidade e a carência de um envolvimento, onde não há espaço para construir, conhecer e adaptarem-se ao outro. Atualmente, procuram-se conversas agradáveis através de mensagens escritas nas apps, onde a expetativa vai aumentando e depressa se passa para o fim, sem antes passar "pela casa da partida".
Muitas pessoas que acompanho, ficam atraídas e sustentam-se de palavras e de promessas escritas, como se ganhassem uma afinidade verdadeira e intensa. Também verifico que, hoje em dia, há uma facilidade em conquistar "várias pessoas" para uma satisfação ou para a "escolha" ideal, tendo por base o que procuram.
Nos tempos de hoje, muitas relações, começam pelo meio. Em muitas confidências, os mais idosos, partilharam comigo o início das suas histórias de amor. Além de difíceis (haviam bastantes condicionamentos morais e sociais), tinham pouco tempo para investir no seu "namoro", porque as responsabilidades laborais começavam mais cedo. Considero que houve uma evolução positiva, permitindo mais liberdade, menos condicionamentos ou imposições. No entanto, também observo o reverso da medalha, onde muitas pessoas "banalizam" os relacionamentos ou vivem-nos de forma desproporcionada.
Existem decepções atrás de decepções, existem as barreiras dos novos tempos, existe o exagero na acessibilidade a novas pessoas que, numa "competição" vão acreditando no amor com princípio, meio e fim desejável. Mas não cultivam o princípio - atiram-se de cabeça para o fim, antecipando o contato íntimo como a rampa para conquistar o "emocional", quando na verdade, deveria ser ao contrário.
Pelas partilhas que recebo, as pessoas sentem receio de não serem as eleitas, de ficarem a meio caminho numa conquista virtual, onde há (quase sempre) inúmeras opções.
As pessoas da minha geração, assistem a uma grande discrepância entre as gerações dos nossos pais e a atual. As pessoas da minha geração, tentam acompanhar as novas formas de se relacionarem, porque também são fáceis, acessíveis e imediatas. Mas, acredito que ainda desejem partilhar os valores que apreenderam ao longo do tempo. Mas são antagónicas. Procuram rapidamente o que não se encontra facilmente, muito menos numa conversa por chat. Procuram valorização, realização e uma relação segura num método onde se começa pelo meio.... Nunca por um princípio.
Ninguém é perfeito. Ninguém consegue ser exatamente o que o outro deseja. Ninguém pode receber o que não tem capacidade para dar. Não virem as relações do avesso. Valorizem o tempo e os momentos necessários para criar algo verdadeiramente compensador.
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